A importância da visão financeira…

A importância da visão financeira e da Governança para a continuidade dos negócios e das famílias...
– Márcio Gonçalves é bacharel em Administração de empresas pela PUCRS, consultor em gestão e governança, Sócio fundador da Criavalor Consultoria Empresarial.

O foco aqui é falarmos sobre como as soluções disponíveis no mercado podem ajudar as pessoas e suas famílias a manterem e melhorarem suas atividades empreendedoras. Não quero entrar na discussão do conceito de família, mas vou partir do princípio que são pessoas que estão unidas por algum laço (genético ou não) e querem o bem uma das outras.
É costumeiro identificarmos famílias empreendedoras pelo mundo a fora. No Brasil não é diferente! Existem famílias que dominam determinados setores (metalurgia, hotelaria, industrial, produção agrícola, construção civil, tecnologia…). Outras tem a característica da diversificação de atividades, investindo um pouco em cada “lugar” (restaurante, imóveis, franquias, empreendimentos imobiliários…).
Entretanto não é raro a bancarrota de grupos familiares que até então eram uma potência. A pergunta que fica é: como é que eles não viram os sinais com relação ao desempenho dos resultados? Outros vão perguntar: quais sinais? E outras pessoas completarão: mas estava tudo indo tão bem…
A questão é que sempre existiram ferramentas para o monitoramento das atividades econômicas, financeiras, operacionais e das relações societárias. Por alguma razão acabamos falhando na execução, na análise dos sinais, dos indicadores de desempenho e quando percebemos, já pode ser tarde demais…
Afinal, quais são estes sinais? Sobre o que estamos falando? 
Gestão, Finanças, Pessoas e Governança. É sobre estes temas que vamos começar a falar. Não estaremos vimos no longo prazo sem o domínio de, pelo menos, tais temas e saber como utilizar corretamente os recursos mais adequadas para cada uma das situações.
Gestão: é um conjunto regras, padrões, processos que compõe a sistemática administrativa de cada empresa. Deve estar alinhada para atingir seus objetivos (metas), para ser competitiva, manter e melhorar sempre. As cinco áreas mais relacionadas com a gestão empresarial são: a área administrativa, a área comercial, a produção, finanças e os recursos humanos. Destaco a gestão da tecnologia (BigData, Robótica, Fintech, Agrotech, Inteligência artificial, blockchain…).
Finanças: Pode-se dizer que é um dos combustíveis do negócio. Sem recursos financeiros a maioria das empresa tem a sua velocidade de crescimento e saúde afetados. Desse modo devem existir regras formais e com foco nos resultados financeiros desejados, métricas capazes de gerar indicadores financeiros, analisar o comportamento histórico de uma atividade econômica/financeira, seus impactos, projeções, exposição ao risco e resultados.
Pessoas: Aprendi uma frase com um colega que gostei muito e reflete a importância das pessoas nas empresas: 
“Um CNPJ nada mais é do que a soma do engajamento dos CPFs, ou seja, uma empresa é o resultado das pessoas que fazem parte dela.
Além de executarem atividades rotineiras operacionais, são elas que pensam as estratégias, inovações, melhorias operacionais, o melhor modelo de gestão. O engajamento, comprometimento e foco na melhoria contínua das pessoas cria valor e um ambiente capaz de empoderar as pessoas e consequente melhoria dos resultados. Sem dúvida as pessoas de seus propósito são mais um combustível, quem sabe até mais importantes que os recursos financeiros.
Porém, um dos sinais que devem ser observados com atenção, e que apontam a existência de oportunidade de melhoria na empresa, é o turnover (desligamento de colaboradores). Observem que empresas com alta rotatividade de profissionais é sinal de que algo pode estar errado. Quando perdemos colaboradores perdemos tempo, dinheiro, energia, correndo o risco de comprometer o alcance e superação dos objetivos organizacionais estabelecidos.
Governança:  são os processos, costumes, políticas, regulamentos, leis acordos e instituições usados para fazer a administração da empresa, familiar ou não. Envolve o negócio, o patrimônio (bens), os sócios, no caso de empresa familiar, a família também.
Ultimamente as soluções tecnológicas surgem de forma rápida e disruptiva! Elas estão cada vez mais acessíveis, descomplicadas e populares. Estas soluções tecnológicas permeiam todas as áreas citadas, facilitando, e muito, a interação entre colegas de trabalho, sócios, herdeiros com transparência, confiabilidade dos dados, equidade das informações e responsabilidade corporativa, premissas da Governança Corporativa.
Voltando aos sinais… É interessante registrarmos que ao longo da realização de projetos de gestão identificamos pessoas que são as guardiãs de um precioso histórico empresarial e da cultura organizacional. Percebemos também que a importância do aprimoramento contínuo para evitar o desalinhamento e descontinuidade dos rumos do negócio. Não estar atualizado é apenas uma das situações que podem prejudicar a continuidade, a correta comunicação, verificação, interpretação e controle dos indicadores de desempenho (geradores dos sinais) que auxiliam na navegação em mercados cada vez mais competitivos e dinâmicos.
Alguns sinais vitais para o monitoramento e a melhoria contínua.
Relação societária formalizada e estável: é importantíssima as relações entre os sócios estarem estabilizadas, com um alinhamento das atribuições, remunerações e eventuais situações de crise. Assim todos podem focar nos fins: Gerar resultados para a sociedade e viverem melhor. Mais leves e felizes! Com menos stress!
Disciplina na realização das reuniões: Realizar reuniões de trabalho para a análise de informações relevantes, dados, interpretação dos indicadores definidos de forma disciplinada e metodológica faz toda a diferença, melhorando os resultados. Muita atenção na sistemática das reuniões! Defina tempo da reunião e pauta (o objetivo). Reuniões com mais de 2 horas normalmente são pouco produtivas. 
Destacamos alguns dos indicadores financeiros primordiais:
EBITDA: é a sigla que representa “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”, que significa “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”, em português. Indicador financeiro, também chamado de LAJIDA, e representa quanto uma empresa gera de recursos financeiros (caixa) através de suas atividades operacionais, sem contar impostos e outros efeitos financeiros. Indicador muito importante e de simples entendimento, pois mostra a capacidade do negócio gerar caixa.
Receita Bruta: é a soma das vendas de bens e/ou serviços nas operações de conta própria e o resultado auferido nas operações, acrescidos das demais receitas, por exemplo, rendimentos em renda fixa e variável, locação de imóveis, juros recebidos da remuneração do capital próprio e dos ganhos de capital.
Receita Líquida: fornece informações sobre quanto dinheiro resta depois do pagamento das despesas da empresa. Sendo assim, ela é crucial para a rentabilidade do negócio. A receita líquida também pode ter o nome de rendimento, resultado ou lucro líquido, ou apenas de tão sonhado e projetado lucro. No caso de cooperativas são as sobras.
Cuidado ao usar o Faturamento como “O” fator de desempenho do negócio! Ele pode ser utilizado, mas a estrutura de custos, rateios, margens devem estar muito bem estruturados e atualizados. Continua sendo uma importante informação. Muito utilizada para classificar o tamanho de uma empresa e sua relevância no mercado. A análise uma série histórica de faturamentos começa a ficar mais representativa a informação, pois possibilita identificarmos sazonalidades e alterações no comportamento da carteira de clientes, por exemplo. Não é raro nos depararmos com empresas com vultosos faturamentos, entretanto com resultados menores se comparado com empresas com faturamento muito menores. Num próximo artigo trataremos das estruturas tradicionais de gastos (capex, despesas e custos) que acabam impactando nos resultado de forma negativa, pois quanto mais cresce o faturamento nem sempre cresce na mesma proporcionalidade ou melhoram os resultados, mas isto fica para outro artigo.
Margem de contribuição: Vamos pegar o exemplo de um produto. Quando nos referimos a uma unidade do produto o termo correto a ser utilizado é Margem de Contribuição Unitária. Sendo assim, ao identificarmos a diferença entre o preço de venda (da unidade) e o custo unitário estamos calculando a Margem de Contribuição Unitária e não a Margem de Contribuição. O cálculo da margem de contribuição é a diferença do total de vendas e os custos de determinado período. Índice de Margem de Contribuição (Imc) é a relação entre a Margem de Contribuição e o preço de venda:
Por fim, Fica a provocação de um novo modelo mental: Empresas que disseminaram o conhecimento de números (finanças) atrelado aos processos do seu negócio e uma governança disciplinadora conseguem resultados melhores. Ficar atento as novidades tecnológicas disruptivas é outra dica muito relevante! Existem procedimentos consagrados no mercado que já estão obsoletos. Não dá para parar de estudar, pois o conhecimento é perecível! Este novo modelo mental exige um exercício de desaprender para a prender novamente.
Então, com ferramentas modernas, ou não, encararmos a realidade dos números, de forma sistemática e estruturada é o que vai nos levar para novos patamares de performance, tanto de desempenho quanto da maturidade para a condução dos negócios e das relações entre todas as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. Isto torna-se um desafio ainda maior em estrutura familiares devido a fatores e situações que muitas vezes não estão explícitas.
Ter a orientação de profissionais capacitados que dê o devido direcionamento com um olhar técnico, metodológico, imparcial, mas considerando a atual cultura e as mudanças necessárias para a manutenção e melhoria dos resultados, sempre contando com o capital humano e os demais recursos existentes é o melhor caminho para quem quer viver dias melhores.

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